Respirar. Morrer. Sonhar.

Hoje consegui terminar o livro que estava lendo desde o começo do ano.  Um livro que decidi saborear…todo esse lirismo, a poesia…o tipo de livro que deixa aquele gostinho de não querer parar.  Não foi fácil.  Não por mim, mas pelas circunstâncias que estavam ao meu redor e que não me deixavam ficar trancada em casa até a ponto final.  Começo do ano, visitas relâmpago, botar coisas em caixas para a mudança…Às vezes, preciso conter essa vontade de  não ver ninguém, de ficar no meu cantinho lendo até!  Fico pensando nas tantas vidas dentro dos livros, nas vidas interessantes, nas belas histórias no mundo afora. Ohhhhh….os livros!  Que prazer, meu Deus, é poder se aconchegar nas histórias de vida, nas alegrias ou nas dores.

Aí, fico pensando nos autores.  Como conseguem criar obras que falam diretamente ao coração de tantos leitores?  Quanta verdade há nas histórias criadas?  Quantas lágrimas derramadas por milhões de leitores? Quantas risadas, vidas salvadas?

Ao mesmo tempo, fico pensando no livro que acabo de terminar.  Como pode haver tanta beleza na tristeza?  Duas vidas. Dois países. Uma história que se intercala e tece na segunda grande guerra.  Werner e Marie-Laure.  Duas crianças com sonhos, com desejos, com a curiosidade sem limite que foi abruptamente assassinada pelas bombas e a fome.  “All the Light we cannot see”, de Anthony Doerr, Pulitzer de ficção 2015, é um dos livros mais extraordinariamente belos que tenho lido nesses últimos meses.  Metáforas, realismo mágico, mitologia, as atrocidades do ser humano, a simplicidade do belo, ciências, museus de história e personagens tão cativantes que cada capítulo se torna uma luz que você não quer que se apague.  As 530 páginas parecem 30 pela divisão dos capítulos em 3 páginas ao máximo.

All the Light we cannot see é daqueles livros que se fazem imprescindíveis pela importância do momento e das circunstâncias desses dias.  Vivendo num mundo onde a maioria se resiste a olhar o que há além da superfície, posso pensar que All the Light possa ser um dos que sobreviverão a passagem do tempo.  Um clássico?  Talvez.  Para mim, já ficou na categoria “books of my life”.

But seven-year-old Werner seems to float.  He is undersized and his ears stick ou and he speaks with a high, sweet voice; the whiteness of his hair stops people in their tracks.  Snowy, milky, chalky.  A color tha t is the absence of color.

 

Color – that’s another thing people don’t expect.  In her imagination, in her dreams, everything has color.  The museum buildings are beige, chestnut, hazel.  Its scientists are lilac and lemon yellow and fox brown.  Piano chords loll in th speaker of the wireless in the guard station, projecting rich blacks and complicated blues down the hall toward the key pound.

 

Werner and Jutta find the Frenchman’s broadcasts again and again.  Always around bedtime, always midway through some increansingly familiar script.  “Today let’s consider the whirling machinery, children, that must engage inside your head for you to scratch your eyebrow…” They hear a program about sea creatures, another about the North Pole.  Jutta likes one on magnets.  Werner’s favorite is one about light: eclipses and sundials, auroras and wavelengths.  “What do we call visible light? We call it color.  But the electromagnetic spectrum runs to zero in one direction and infinity in the other, so really, children, mathematically, all of light is invisible.”

 

In the lurid, flickering light, he sees that the airplane was not alone, that the sky teems with them, a dozen swooping back and forth, racing in all directions, and in a moment of disorientation, he feels that he’s looking not up but down, as though a spotlight has been shined into a wedge of bloodshot water, and the sky has become the sea, and the airplanes are hungry fish, harrying their prey in the dark.

 

Walk the paths fo logic.  Every outcome has its cause, and every predicament has its solution.  Every lock its key.  You can go back to Paris or you can stay here or you can go on.

 

“Marie-Laure.” His voice is low and soft, a piece of silk you might keep in a drawer and pull out only on rare occasions, just to feel it between your fingers.

 

Madame Manec says, “Don’t you want to be alive before you die?”

 

Open your eyes and see what you can with them before they close forever.

Let’s all be heroes.

David Bowie es…fue…será por siempre.  Si hay alguien con quien sentí una conexión de corazón a corazón, fue con Bowie.  Su música irreverente, sus letras extrañas que hacían todo el sentido para una “outsider” como yo, su manera singular de ver la vida y de hacer con ella lo mejor que podía.  Bowie es.  Único, sensible, humano, inteligente, lógico, genio indomable que sabía qué hacer con lo que le ponían por delante.

Hubo un tiempo en mi vida que me acompañó por el sendero de la soledad, los cuartos vacíos, las noches sin amigos…Después me tocó en el hombro y me sacó a bailar.  Me escribió filosofía, me leyó cuentos, me indicó libros, me enseñó vidas.  Siempre procuré estar cerca de él.  Su vida es.

Inspiración pura.  Arte hecha vida.  Vida hecha arte.  Arte en el más puro sentido de la palabra.  Los modernos, a su lado, parecen marionetas.  Bowie era sin esfuerzo.  Él era el propio verbo SER.  Ser era también su predicado.  Esa sí es una gran enseñanza! Seguirá vivo en mi corazón hasta que yo deje de respirar.  Sólo espero poder vivir con esa sabiduría y poder salir en “fade out” a la altura de la vida vivida.  DB-Transformation-Colour