O som do Silêncio

Silêncio. Silêncio. Silêncio interrompido pelo canto dos sabiás, os bem-te-vi e os quero-quero dirigindo-se à outras paragens dessa Mata Atlântica…Os beija-flores querendo sugar o melhor da manhã.  O vento que chega de mansinho, acariciando as árvores e entrando pela porta da cozinha.  Tudo numa sinfonia equilibrada onde os tons altos se diluem nos mais baixos.  É o dia dizendo bom dia.  Ou a noite dizendo boa noite.  Tudo numa comunhão que só os que temos essa conexão com a natureza somos capazes de ver, ouvir e sentir.  É o som do silêncio.

Hoje, o silêncio foi violentado.  Um grito aqui, outro grito acolá.  O som alto saindo das casas alugadas para passar o réveillon.  Parece até que foi anunciado o fim do mundo.  O povo querendo extravasar os anseios, as alegrias reprimidas o ano todo, o pouco respeito com o desconhecido, o querer dizer de maneira estridente “estou aqui e quero me divertir”.

Sim, já sei.  Nem todos tem a honra de morar num paraíso, numa zona de conforto, no meio à natureza ouvindo cantar os pássaros.  Já sei.  Mas também sei que as pessoas poderiam respeitar mais essa natureza que sussurra e diz bem baixinho “silêncio…ouça o som do meu coração…enche de ar os pulmões e sinta-me…silêncio…”

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